Viagem Funcionalista
trabalho de antropoligia II - Ciencias Sociais - UECE
Neste blog iremos tratar de dois grandes autores da antropologia funcionalista, Malinowski e Radcliffe-Brown (Respectivamente nas fotos acima), e suas contribuições.

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Contexto Histórico
segunda-feira, 21 de maio de 2012 | 15:10 | 0 Comentários
Malinowski (1884-1942) e Radcliffe Brown (1881-1955)
           As concepções teóricas e consequentemente as obras desses grandes antropólogos, considerados como dois dos quatro pais fundadores (os demais são Frans Boas e Marcel Mauss) da Antropologia Moderna situam-se no final do século XIX e início do século XX. Esse período, sobretudo, o início do século XX, marca uma nova fase da Antropologia, a sua afirmação como disciplina, tal como a conhecemos hoje. Contudo, a antropologia assim como toda construção intelectual, permanece ligada aos meios teóricos e práticos que a transformou no que é atualmente. No século XIX, já havia uma tentativa de sistematização da antropologia enquanto disciplina autônoma. No contexto das revoluções Francesa e Industrial o modo de vida dos europeus é afetado dando início a muitos questionamentos sobre as vantagens e desvantagens do processo civilizatório ocidental. Outro fato importante foi o neocolonialismo afro-asiático, instalado pela Conferência de Berlim. As colônias foram meios de acesso para os estudos de culturas diferentes nas mais diversas partes do globo. Visto que os antropólogos que mais se destacaram estavam na Inglaterra (maior potencia colonial, com grande acesso aos “outros”) ou nos Estados Unidos (onde os “outros estavam mais próximos”). Desse modo, a antropologia se liga ao conhecimento do primitivo. O Antropólogo americano Lewis Henry Morgan (1818-1881), faz parte de uma das tradições importantes que emergem nesta época. A corrente evolucionista ganha força; Morgan em sua obra A Sociedade Antiga distingue três estágios da evolução cultural: selvageria, barbárie e civilização. O século XIX foi um período importante para a antropologia, pois surgiram às primeiras disciplinas de antropologia nas universidades e, ainda, nesse período, foi extraída a unidade da espécie humana, hipótese segundo a qual os pilares da antropologia foram erguidos. Além disso, percebeu-se que as disparidades entre as sociedades e os homens não eram oriundas de fatores genéticos e sim de situações técnicas, econômicas e culturais. Malinowski e Radcliffe Brown são representantes da antropologia inglesa, o que não significa que suas teorias não possam ter influências de outras correntes, pois seria um erro tentar enquadrar importantes construções intelectuais dentro de um único modelo teórico. O certo é que no início do século XX houve uma grande rejeição em relação ao ponto de vista evolucionista que via a sociedade europeia como modelo de evolução.

Malinowski realizou ao todo três expedições às Ilhas Trobriand de 1914 a 1918. Uma leitura atenta à sua biografia revelará que exatamente nesse período (1914-1919) estava ocorrendo a I Guerra Mundial, Malinowski anteriormente havia estado na Austrália com a Associação Britânica para o desenvolvimento da ciência e que devido a guerra, como súdito austríaco Malinowski era um inimigo estrangeiro e teria de ser internado, pois se encontrava em território britânico. Podendo ter optado em retornar para a Europa, foi lhe concedido pelas autoridades australianas permanecer no local, e ele resolveu ficar. Esteve durante seis meses na costa sul da Nova Guiné entre os mailu, e depois, mais precisamente em março de 1915, iniciou suas pesquisas mais intensivas no extremo leste, num único distrito, o das ilhas Trobriand.

Seu contemporâneo Radcliffe Brown realizou seu primeiro estudo de campo nas Ilhas Andaman (1906 a 1908), um arquipélago situado na Baía de Bengala, a sudoeste da Birmânia. O arquipélago tinha uma população inferior a 1.300 habitantes e na época em que realizou seu estudo esta população já tinha sido acometida por epidemias de sarampo e sífilis, após a instalação de uma colônia penal e o inicio da colonização europeia. Segundo sua própria opinião para o etnólogo interessava a organização social dessas tribos, tal como existia antes da ocupação europeia das ilhas. Em 1910 partiu para a Austrália com Grant Watson, a Sra. Daisy Bates etnógrafa amadora e filantropista e Olsen, um marinheiro sueco. Após um incidente Radcliffe deixa a Sra. Bates e vai para a Ilha Bernier com o restante da equipe, local de um hospital em regime de isolamento sanitário para aborígenes com doenças venéreas. Depois de um ano Watson parte e Radcliffe continua com Olsen estudando os aborígenes estabelecidos em redor dos postos missionários ao longo do Rio Gascoyne. O período em que esteve com os australianos foi até 1912.

Do prosseguimento dado por cada um desses autores aos resultados de seus estudos de campo, derivou algumas das principais características da Antropologia britânica dos anos 20. O funcionalismo reinou nesse período como paradigma, embora a ideia de uma Antropologia funcional não agradasse a Radcliffe Brown, ao menos nos moldes de Malinowski. Enquanto Malinowski se concentrou nas funções biológicas, Radcliffe concentrou-se nas funções sociais. Em todo caso, o funcionalismo como novo paradigma dessa época não eliminou por completo as fortes influencias do evolucionismo e também do difusionismo.

Havia uma enorme preocupação da Antropologia de campo com a acumulação de dados, característica do empirismo britânico. Por isso a ênfase no trabalho de campo e observação participante. Além disso, houve uma influência da corrente teórica francesa, o positivismo de Durkheim, onde tentava encontrar sempre uma ordem nas sociedades. A sociologia nesse caso é uma das ciências que está muito próxima da Antropologia, mas se distingue por seu objeto de interesse que está, sobretudo, nas sociedades modernas. A Antropologia centra-se mais nas sociedades primitivas, que na Antropologia social são chamadas de “sociedades simples” ou de “pequena escala”, uma forma de evitar os termos evolucionistas.

Depois da primeira guerra mundial, as abordagens históricas, por exemplo as difusionistas foram perdendo adeptos, e a escola funcionalista ganhando espaço. Contudo, a guerra provocou um impacto maior na Antropologia francesa, já com a antropologia britânica foi menor de modo que esta predominou durante uma geração.

BIBLIOGRAFIA ERIKSEN, Thomas Hylland; NIELSEN, Finn Sivert, História da Antropologia. Trad. Euclides Luiz Calloni. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

KUPER, Adam. Antropólogos e Antropologia. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. http://200.145.171.5/revistas/index.php/ric/article/viewFile/69/71. http://www.carinafagiani.com.br/resumos/index.php/2008/02/22/antropologia/

http://escolasfilosoficas.vilabol.uol.com.br/antropologia.html

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